domingo, 13 de fevereiro de 2011

Produção de Girassol perde espaço para outros estados nordestinos

A produção de combustíveis não poluentes é uma necessidade mundial, que promete crescer a níveis galopantes daqui para frente. No Nordeste, a produção das chamadas oleaginosas (vegetais com gorduras de que se podem extrair óleos insolúveis em água) tem se destacado a cada ano como matéria-prima para biocombustíveis, principalmente o plantio de girassol.
O Rio Grande do Norte, em especial as áreas de clima semiárido - como o Oeste potiguar - tem grande potencial de produção da planta, mas, apesar de estar tentando há mais de três anos, vem perdendo espaço para estados vizinhos. Um deles é o Ceará. Enquanto naquele distrito, a produção de sementes de girassol superou a marca de 4,4 toneladas de grãos, aqui a produção engatinha e acumula perdas consecutivas.

E, por mais que pareça estranho, os dois estados começaram a produzir aproximadamente na mesma época - 2007. Então, qual a diferença entre os dois locais? "A vantagem do Ceará é o incentivo do governo. Lá, existem mais de 102 mil agricultores cadastrado. Para cada um deles, o governo dá um auxílio de R$ 400. Aqui, não tem isso", explica o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Lavoura de Mossoró, Francisco Gomes.

Sobre a situação da região, o presidente avalia. "Mossoró tem tudo para ser um polo produtivo para todo o Brasil, mas o agricultor ainda tem que se adaptar". O presidente afirma que, a despeito do incentivo em grãos, corte de terra e doação de sementes, o agricultor local não foi tecnicamente preparado. Juntando isso às consequências climáticas dos três últimos anos, não deu outra: perda na produção.
"O programa chegou de forma muito imediata, eles foram muito afoitos", diz Francisco. "Além disso, começamos no ano errado. Em 2008 e 2009, tivemos excesso de chuvas. Ano passado, foi a seca. Mas, ainda assim, houve uns 10% de agricultores locais que conseguiram um certo plantio".
Para piorar o quadro, a consequência do plantio sem colheita ocasionou o endividamento do agricultor. "Até hoje tem agricultor no Serasa. Por isso, queremos ver se damos apoio para ajudá-los a sair da inadimplência".   

Apesar das dificuldades, agricultores locais apostam no potencial produtivo do setor

Este ano, a distribuição das sementes na região Oeste potiguar já começou. Para tentar suprir a ainda insuficiente capacitação técnica, os produtores terão o auxílio da cooperativa Terra Livre. "Agora, o produtor está sentido a seriedade da proposta. A esperança é que, se esse não for bom, a gente bata o recorde e comece a alcançar a produção cearense", diz Francisco.
"Quem sabe, no futuro, a produção de girassol seja na nossa região até mesmo um substituto para o algodão, porque, com o algodão, o pessoal tem medo da praga", avalia ainda o presidente.  

Ainda assim, apesar de se acreditar no potencial das cidades potiguares e de Mossoró, a Petrobras consegue ter uma expectativa mais concreta: "Hoje, temos 336 agricultores familiares contratados em Mossoró, numa área de 686,5 hectares. Porém, como ainda estamos fechando contratos com agricultores familiares, não temos um número fechado para a próxima safra", diz a empresa por intermédio de sua assessoria.