Todos os veículos ligados ao Palácio da Resistência iniciaram uma campanha sistemática contra a Casa de Saúde Dix-sept Rosado nos últimos dias. Numa clara demonstração de que o assunto tem conotação política.
A pauta gira em torno das dificuldades financeiras da entidade filantrópica, mas omite a origem da crise: as constantes demoras nos repasses dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Um acordo celebrado entre médicos, Ministério Público e Prefeitura de Mossoró definiu que os repasses da produtividade deveriam ser feitos no dia 10 do mês subsequente. Exemplo: o dinheiro do mês de novembro seria repassado no dia 10 de dezembro.
No entanto, não é isso que vem acontecendo. Desde 2008 os atrasos nos repasses se ampliam. O dinheiro relativo a novembro só foi repassado em 29 de dezembro.
O repasse do mês de dezembro ainda não foi feito. Tudo esbarra numa questão burocrática. O gerente Executivo da Saúde, Benjamim Bento, informou ao diretor da Casa de Saúde Dix-sept Rosado, André Néo, que só faria o pagamento se ele assinasse um recibo dizendo que os repasses foram a título de adiantamento. "Como podem querer um negócio desses se o repasse está atrasado? Por certo era para depois dizer que socorreram a casa de saúde", lamentou. Ao receber a informação acerca da negativa do diretor, o secretário municipal da Cidadania, Francisco Carlos, que possui aspirações políticas em 2012, fez contato com as entidades sindicais relacionadas à saúde para dizer que o dinheiro não era liberado por culpa da direção do hospital.
Subordinado à Secretaria Municipal da Cidadania, Benjamim Bento chegou a admitir numa das conversas com André Néo que estava se esforçando para liberar os recursos. Ele disse ter sido repreendido por se empenhar para passar os recursos. Em outra conversa, Benjamim disse estar de "mãos atadas".
No programa Observador Político da última sexta-feira, foi mostrado um telegrama do Ministério da Saúde à Câmara Municipal informando que mais de R$ 2 milhões foram repassados à Prefeitura de Mossoró desde o dia 7 de janeiro. Outro repasse foi feito em 21 de janeiro com valor superior a R$ 5 milhões. Mesmo assim os repasses do SUS para que a Casa de Saúde, que variam de R$ 300 mil a R$ 400 mil, pague profissionais e fornecedores não foi feito. "Isso é uma demonstração de má vontade conosco. Não entendo esses motivos. Está clara a conotação política", explicou André Néo.
A conotação política citada por André diz respeito ao fato de a entidade filantrópica ser controlada pelo grupo adversário dos que ocupam o Palácio da Resistência.
A "guerra" chegou ao ponto de no dia 21 de dezembro no ano passado a então gerente Executiva da Saúde, Jacqueline Amaral, emitir um documento com conteúdo falso com o intuito de colocar o sindicato contra a Casa de Saúde Dix-sept Rosado. Logo em seguida a Prefeitura de Mossoró recuou e pagou a produtividade na semana seguinte.
A mídia ligada ao Palácio da Resistência tem usado um discurso exatamente igual aos dos "chefes": o de culpar a deputada federal Sandra Rosado (PSB) e a deputada estadual Larissa Rosado (PSB). Na última sexta-feira, o marido da prefeita Fafá Rosado (DEM), deputado estadual Leonardo Nogueira (DEM), foi aos microfones da rádio Difusora fazer a mesma coisa: "Enquanto elas criticam a prefeita não fazem um bom gerenciamento na Casa de Saúde Dix-sept Rosado. A culpa é delas por serem as propietárias", disparou.
Hospital faz mais de mil procedimentos/mês
Única maternidade da Região Oeste do Rio Grande do Norte a Casa de Saúde Dix-sept Rosado faz cerca de 60 partos mensais. Somando-se aos demais procedimentos os atendimentos chegam a quase mil por mês.
Fundada há 70 anos a entidade filantrópica enfrenta uma grave crise econômica. A ponto da direção iniciar um processo de cortes de despesas que passa pela redução de serviços oferecidos e cortes de pessoal. "Diante das dificuldades provocadas pela Prefeitura de Mossoró estamos tendo que cortar gastos para honrar nossos compromissos com funcionários e fornecedores. Mesmo assim vai ser complicado porque 95% dos atendimentos são feitos pelo SUS", explica André Néo.
Segundo André Néo não está descartada a hipótese de fechamento da Casa de Saúde Dix-sept Rosado. "Não sei como a Prefeitura de Mossoró iria fazer nesse caso com os mais de 600 partos realizados em Mossoró, mas ela ia ter que dar um jeito", acrescentou.
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